sábado, 23 de abril de 2011

A PARTE OBSCURA DE NÓS MESMOS - Programa 'Saia Justa'



"Não existe insulto mais impreciso do que chamar uma pessoa má de animal: os bichos não são maus, os humanos sim. [...] Há algo obscuro em todos nós: na humanidade, no coletivo, uma sombra, um lado maldito, capaz de gozar com o mal, de gozar com o fato de ultrapassar os extremos." (ROUDINESCO apud WALDVOGEL)

ROUDINESCO - "A questão que eu coloco é se nós temos todos a tendência à perversão e o que é perversão. Será que somos todos de alguma forma habitados pelo desejo de fazer o mal ou pelo prazer em fazer o mal? Espontaneamente nós temos todos vontade de fazer o mal, não apenas para nos vingarmos, mas torturar espontaneamente o outro. Mas a lei, a autoridade e a civilização impedem que nos entreguemos à nossa pulsão mais mortífera, mais perversa. Quando o próprio Estado faz o mal afirmando fazer o bem, isso é o nazismo, ele coloca no poder e autoriza todas as formas de perversidade. Sob o nazismo, tudo era invertido: o bem era exterminar os outros, matar, massacrar. Sobretudo fazer isso em nome do bem. A característica do crime perverso, individual, é que são crimes conscientes. Os assassinos que são criminosos perversos, eles não são loucos. Eles são então julgáveis, eles podem responder por seus atos. Foi Freud quem percebeu que na infância nós fomos todos perversos, nós tivemos todos desejo de matar nossos pais. Todos nós tivemos essa tendência, ele [Freud] chama isso de perversão polimórfica das crianças. É a educação, a passagem pela arte e pela civilização, que transformam esse desejo de maldade em algo de sublime, que pode ser a criatividade."

Elisabeth Roudinesco é historiadora e psicanalista francesa. Livro: A parte obscura de nós mesmos: Uma história dos perversos (2007). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, coleção: Transmissão da psicanálise.

Colaboração: Simone Camargo

sexta-feira, 22 de abril de 2011

SADISMO & MASOQUISMO (por Elisabeth Roudinesco)

De acordo com Roudinesco (2007/2008:73), SADISMO é um neologismo criado em 1838 e primordialmente utilizado pelos sexólogos anteriores a Freud para justapor a MASOQUISMO, atribuindo a esse binômio SADISMO & MASOQUISMO uma dimensão pulsional de caráter universal, muito além da mera dimensão genital: "gozar com o sofrimento que nos inflingimos inflingindo-o ao outro e recebendo-o do outro".

ROUDINESCO, Elisabeth (2007/2008:73). A parte obscura de nós mesmos: Uma história dos perversos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Coleção: Transmissão da psicanálise.
Colaboração: Simone Camargo

sábado, 12 de março de 2011

CARNAVAIS, MALANDROS e HERÓIS - I capa e contracapa

LIVRO: CARNAVAIS, MALANDROS E HERÓIS - Para Uma Psicologia do Dilema Brasileiro (1979)
DE: Roberto DaMatta
ED: Rocco (Brasil, Rio de Janeiro: 1979/1997, 6a. edição, 350 págs.)
Preparação de originais: Leny Cordeiro
Área de interesse: Etnologia, Psicologia, Psicologia social, Psicologia étnica

CONTRACAPA
"Com seu estilo ousado e provocador, Roberto DaMatta tem conseguido, nos últimos vinte anos, levar a antropologia ao grande público. Autor de estudos clássicos sobre o Brasil, seus ritos e mitos, seus ensaios são a cada dia mais lidos e respeitados, o que o tornou uma referência obrigatória em qualquer estudo sobre a realidade brasileira.
Em CARNAVAIS, MALANDROS E HERÓIS o autor analisa a nossa maior festa e alguns personagens paradigmáticos da sociedade brasileira, e lança uma luz inovadora para a compreensão daquilo que faz do Brasil uma sociedade diferente e única."

CARNAVAIS, MALANDROS e HERÓIS - II sumário

LIVRO: CARNAVAIS, MALANDROS E HERÓIS - Para Uma Psicologia do Dilema Brasileiro (1979)
DE: Roberto DaMatta
ED: Rocco (Brasil, Rio de Janeiro: 1979/1997, 6a. edição, 350 págs.)
Preparação de originais: Leny Cordeiro
Área de interesse: Etnologia, Psicologia, Psicologia social, Psicologia étnica

SUMÁRIO
Agradecimentos
Introdução

I - CARNAVAIS, PARADAS E PROCISSÕES
Rotinas e ritos
O carnaval e o Dia da Pátria: uma comparação
1. Tempo histórico e tempo cósmico
2. Das autoridades e povo
3. De uniformes e fantasias
Alguns problemas teóricos
Os mecanismos básicos da ritualização
Conclusões

II - CARNAVAL EM MÚLTIPLOS PLANOS
A casa e a rua
A casa e a rua: dialética, simbolização e ritualização
Formas básicas de deslocamento
A invenção do carnaval
a. Um espaço especial
b. Um espaço múltiplo
c. Um rito sem dono
d. Os grupos do carnaval
Conclusão: As dramatizações do carnaval

III - CARNAVAIS DA IGUALDADE E DA HIERARQUIA
"Carnival" e carnaval
Os dois carnavais: organização social e ideologias
Carnavais de igualdade e de hierarquia

IV - SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO? UM ENSAIO SOBRE A DISTINÇÃO ENTRE INDIVÍDUO E PESSOA NO BRASIL
Teoria e prática do "sabe com quem está falando?"
O "sabe com quem está falando" como dramatização do mundo social
Das distinções entre indivíduo e pessoa
A dialética entre indivíduo e pessoa
Indivíduo, pessoa e a sociedade brasileira
As áreas de passagem

V - PEDRO MALASARTES E OS PARADOXOS DA MALANDRAGEM
Um triângulo de dramas, um triângulo de heróis
O mito de Malasartes
As origens de Pedro Malasartes
Mediações
. A mediação pela honestidade
. A mediação pela vingança

VI - AUGUSTO MATRAGA E A HORA DA RENÚNCIA
Nome, "persona" e "trajetória social"
Marginalidade, renúncia e vingança
A hora da renúncia
Malandros, vingadores e renunciadores

Bibliografia