quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

14 CONFERÊNCIAS SOBRE JACQUES LACAN - I capa e contracapa

LIVRO: 14 CONFERÊNCIAS SOBRE JACQUES LACAN (1989)
DE: Fani Hisgail (org.)
ED: Escuta (Brasil, São Paulo: 1989, 140 págs.)

CONTRACAPA
"Este livro conduz o leitor a descobrir uma entrada no ensino de Lacan, descartando os preconceitos populares de que Lacan é incompreensível, e por isso se tornaria inviável seu estudo.
Divulga o pensamento lacaniano no contexto atual [1989] da psicanálise em São Paulo, configurando, neste sentido, um ato de livre associação entre os que dele participam, para além de qualquer propósito institucional dos colaborares, com seus respectivos grupos."
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IMAGEM: Capa de Yvoty Macambira.

14 CONFERÊNCIAS SOBRE JACQUES LACAN - II orelhas

LIVRO: 14 CONFERÊNCIAS SOBRE JACQUES LACAN (1989)
DE: Fani Hisgail (org.)
ED: Escuta (Brasil, São Paulo: 1989, 140 págs.)

ORELHAS
"Os trabalhos reunidos neste livro foram apresentados na Semana Jacques Lacan, realizada na PUC-SP, em outubro de 1988. Foram quatro dias de intensa produção, onde psicanalistas, filósofos e semiólogos debateram a obra e o ensino de Lacan, sob diferentes ênfases temáticas, dispostas, a cada noite, em mesas-redondas, além de um Seminário sobre os fundamentos da Psicanálise.
Esse evento teve por objetivo divulgar o pensamento lacaniano no contexto atual
[1989] da psicanálise em São Paulo, configurando, neste sentido, um ato livre de associação entre os participantes, ao redor de Jacques Lacan, para além de qualquer propósito institucional dos colaboradores, com seus respectivos grupos.
Assim, através dos trabalhos publicados neste livro, temos a oportunidade de apreciar a produção e o saldo desta
Semana Jacques Lacan.
*
O primeiro tema,
Lacan com Freud: o campo psicanalítico, foi introduzido por Contardo Calligaris, Mirsa E. Dellosi e Zeljko Loparic, cujos artigos referem ao campo da experiência analítica, a psicanálise como uma ciência especial, e uma crítica feita a Lacan, do seu seminário sobre A ética na psicanálise.
Na segunda mesa debateram Alejandro Viviani,
Geraldino A. Ferreira e Ivete T. Villalba, sobre A ética da psicanálise e a direção da cura, onde foi enfatizado o conceito de sujeito e a função do analista no tratamento.
A transmissão da psicanálise, apresentado por Oscar Cesarotto, Dinara G. M. Guimarães e Arthur Hyppólito de Moura, fala das garantias possíveis do candidato a analista na instituição psicanalítica, do real como impossível e da formação do analista no campo da experiência pessoal.
Joana Helena C. Ferraz,
Philippe Willemart, Márcio P. S. Leite e Lúcia Santaella tratam do Inconsciente depois de Freud, demonstrando a tese de Lacan de que "o inconsciente está estruturado como uma linguagem", a lógica do significante e a arte como expressão de uma subjetividade.
Este livro conduz o leitor a descobrir uma entrada no ensino de Lacan, descartando os preconceitos populares de que Lacan é incompreensível, e por isso se tornaria inviável o seu estudo."

14 CONFERÊNCIAS SOBRE JACQUES LACAN - III sumário

LIVRO: 14 CONFERÊNCIAS SOBRE JACQUES LACAN (1989)
DE: Fani Hisgail (org.)
ED: Escuta (Brasil, São Paulo: 1989, 140 págs.)

SUMÁRIO
PREFÁCIO, por Fani Hisgail
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I. LACAN COM FREUD: O CAMPO ANALÍTICO
Reflexões sobre o "campo psicanalítico", por Contardo Calligaris
Lacan com Freud: o campo psicanalítico, por Mirsa Elisabeth Dellosi
Lacan e a ética do desejo perverso, por Zeljko Loparic
1. Um texto importante // 2. A inspiração ética da psicanálise // 3. A perda da coisa // 4. O enredamento no significante // 5. O rebaixamento do desejo em necessidade // 6. A coisa como fonte da lei // 7. Sade contra Kant // 8. A pulsão de morte // 9. Freud contra Kant
*

II. A ÉTICA DA PSICANÁLISE E A DIREÇÃO DA CURA
Comentários sobre a direção da cura, por Alejandro Luis Viviani
A ética da psicanálise, por Geraldino Alves Ferreira Neto
Ética da psicanálise: uma direção real, por Ivete Torre Villalba
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III. A TRANSMISSÃO DA PSICANÁLISE
Transmissão do analista, por Oscar Cesarotto
1. Sobre o desejo de Freud // 2. Sobre o desejo do analista // 3. Sobre o desejo do Outro // 4. Sobre o desejo de ser analista // 5. O inconsciente como laço social // 6. O nó da transmissão
Transmitir é possível, por Dinara Gouveia Machado Guimarães
A transmissão da psicanálise, por Arthur Hyppólito de Moura
*
IV. O INCONSCIENTE DEPOIS DE FREUD
O inconsciente depois de Freud, por Joana Helena da Cunha Ferraz
O inconsciente depois de Freud, por Philippe Willemart
Do inconsciente depois de Freud: sua estrutura como linguagem, suas consequências na direção da cura, por Márcio Peter de Souza Leite
O inconsciente se reduz a uma questão de linguagem, por Lúcia Santaella
1. Preâmbulo circunstancial // 2. Inconsciente & linguagem // 3. A lógica do significante // 4. O significante não é tudo // 5. Conclusão: o inconsciente não se reduz a uma questão de linguagem; sim, o inconsciente se reduz a uma questão de linguagem
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V. DEMANDA PULSIONAL
A demanda pulsional, por Fani Hisgail

14 CONFERÊNCIAS SOBRE JACQUES LACAN - IV autores

LIVRO: 14 CONFERÊNCIAS SOBRE JACQUES LACAN (1989)
DE: Fani Hisgail (org.)
ED: Escuta (Brasil, São Paulo: 1989, 140 págs.)

SOBRE OS AUTORES

Contardo Calligaris – Psicanalista. Foi membro da Escola Freudiana de Paris e é membro fundador da Associação Freudiana. Foi assistente e professor na Universidade de Genebra e no Departamento de Psicanálise da Universidade de Paris VIII até 1981. Publicou, em 1983, Hipótese sobre o fantasma e, em 1989, Introdução a uma clínica diferencial das psicoses.

Mirsa Elizabeth Dellosi – Psicanalista, Filósofa, Assistente Técnica em Saúde Mental no Hospital Heliópolis e no GEPRO de Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde. Professora de Ética no curso de Psicologia na Faculdade de Psicologia Objetivo.

Zeljko Loparic – Doutor pela Universidade Católica de Louvain; Professor Livre-Docente da UNICAMP; fundador da revista 'Cadernos de História de Filosofia da Ciência'. Ex-coordenador do Centro de Lógica e presidente da Sociedade Kant Brasileira. Autor de artigos sobre o kantismo e a fenomenologia, a filosofia da ciência e da psicanálise em revistas nacionais e estrangeiras.

Alejandro Luis Viviani – Psicanalista. Professor do curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia y Letras da Universidade de Buenos Aires, no período de 1972 a 1974. Foi professor e supervisor do curso da psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, de 1981 a 1986. Atualmente é professor de Fundamentos da Psicanálise.

Geraldino Alves Ferreira Neto – Psicanalista. Formado em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Membro da Clínica Freudiana. Membro da Associação Livre.

Ivete M. B. de Torre Villalba – Uma psicanalista na cidade de São Paulo. A Psicanálise é uma prática discursiva: há um determinado discurso que compete operar, pois suas questões são específicas. Tanto assim que, se há um sujeito que buscou a análise, certamente foi apanhado por essas questões. E será por uma mudança de posição nesse discurso que ocupará o outro lugar. Nas Artes Plásticas, há um Cézanne que se faz marcar em sua obra pela noção de estrutura, de forma e de objeto construído com lógica interna própria. Na sua prática clínica, sempre se remeteu a esse modo de criação, exigindo-se precisão ao separar os diferentes elementos do discurso, para que pudessem receber o tratamento devido, segundo a categoria, condição requerida para que o inconsciente se ordene. É com Lacan, no entanto, que dá uma direção à cura e a via de seu trabalho segue a trilha de escrever o que não é do registro discursivo e de que trata a Psicanálise.

Oscar Cesarotto – Psicanalista. Co-autor de Psicanálise – 2a visão (Ed. Brasiliense) e Jacques Lacan - através do espelho (Ed. Brasiliense). Autor de No olho do Outro (Ed. Max Limonad) e Os escritos de Freud sobre a cocaína (Ed. Iluminuras).

Dinara Gouveia Machado Guimarães – Nasceu em Pernambuco. Estudou em Recife e Paris (França). Foi professora da
Universidade Federal de Pernambuco. Foi supervisora do Hospital Juqueri, em SP. Psicanalista, trabalhando em São Paulo desde 1984 e no Rio de Janeiro desde 1987. É mestranda da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Arthur Hyppólito de Moura – Psicanalista e professor da PUC-SP.

Joana Helena da Cunha Ferraz – Como psicanalista fui convidada a participar da
Semana Jacques Lacan. // Houve um tempo em que indaguei: "Que fazer para ser feliz junto com as pessoas?" Foi-me dito que buscasse A Verdade. Naquele tempo A Verdade existia sim, na figura do Criador unido à criatura. À criatura fora dado o dom e a graça – dívida infinita que não poderia ser paga. Havia esperança nesta ascese transformadora do ser. O que foi feito o foi Em Nome do Criador. // Persistia a indagação e alcancei um outro campo onde A Verdade absoluta não se atingia. Havia promessa do Saber do Mestre para "conhecer-se a si mesmo", com a condição de que A Verdade silenciasse. Daí viria a transformação deste ser que saberia então de si e dos outros. Este saber não se paga e a ele nada se deve, mas com O Nome do Mestre se compromete. // Mas, quando um sujeito é tomado pela Verdade, ele se surpreende com o equívoco, e paga para que A Verdade fale e que um outro, de um Outro lugar, num Outro tempo invocando o sujeito daquela indagação, faça-o dizer em Nome próprio a direção que vai tomar.

Philippe Willemart – Professor Titular do Departamento de Letras Modernas da USP e pesquisador em crítica genética e nas relações de psicanálise e literatura. Autor de Escritura e linhas fantasmáticas, Ática, 1982 e de O manuscrito de Gustave Flaubert, Ed. FFLCH-USP, 1984.

Márcio Peter de Souza Leite – Médico, psicanalista, co-autor de Lacan através do espelho e O que é psicanálise – 2a visão.

Lúcia Santaella – Semioticista, professora e coordenadora do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP. Presidente da Associação Brasileira de Semiótica e vice-presidente da Associação Internacional de Estudos Semióticos. Há algum tempo vem trabalhando na intersecção da Semiótica e Psicanálise.

Fani Hisgail – Psicanalista, trabalhou no Hospital Juqueri. Foi supervisora no Hospital Psiquiátrico Vila Mariana e atualmente desenvolve atividade clínica no Ambulatório de Saúde Mental Centro.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

MÚSICA Zé Ramalho ÁLBUM Antologia Acústica, 1997

1997
* IMAGEM encontrada em... http://filmesineditos.blogspot.com/2009/09/ze-ramalho-20-anos-antologia-acustica.html

MÚSICA Trilha Sonora ÁLBUM Natural Born Killers, 1994

1994
* IMAGEM encontrada em... http://sborralho1972.blogspot.com/2008/04/natural-born-killers-melhor-banda.html

MÚSICA Deep Purple ÁLBUM The Best Of, 1994

1994
* IMAGEM encontrada em... http://mepys-heavy-metal.blogspot.com/2009/10/deep-purple-smoke-on-water_08.html

MÚSICA Morphine CD Cure For Pain, 1993

1993
* IMAGEM encontrada em... http://deusrobo.blogspot.com/2009/04/morphine-cure-for-pain-eua-1993.html

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS - resumo

ARTIGO: AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS
DE: Maria Lucia Santaella Braga, Dpto de Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
ED: Revista de Psicologia da USP, vol.10 n.2 São Paulo 1999

[resumo]
"A primeira parte deste artigo propõe uma comparação geral entre as categorias fenomonológicas universais de Peirce, primeiridade, secundidade e terceiridade, de um lado, e os três registros lacanianos, também chamados de categorias conceituais da realidade humana, as categorias do imaginário, real e simbólico, de outro lado. A segunda parte avança alguns passos na análise comparativa entre Peirce e Lacan, ao discutir que a lógica da terceira categoria, que é a lógica do signo, pode funcionar como um mapa de orientação para o entendimento das interações complexas que os três registros, imaginário, real e simbólico, mantêm entre si.

Descritores: Fenomenologia. Peirce, Charles Sanders. Lacan, Jacques. Semiótica."

AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS - abstract

ARTIGO: AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS
DE: Maria Lucia Santaella Braga, Dpto de Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
ED: Revista de Psicologia da USP, vol.10 n.2 São Paulo 1999

"Santaella, L. (1999) The Three Peirces Categories and the Three Lacans Registers. Psicologia USP, 10, (2), 81-91.

Abstract: The first part of this paper proposes a general comparison between Peirces three universal phenomenological categories of firstness, secondness, and thirdness on one hand and Lacans three registers, also called the conceptual categories of human reality, the categories of the imaginary, the real, and the symbolic on the other hand. The second part develops the comparative analysis between Peirce and Lacan even further, showing that the logic of the third category, which is the logic of the sign, can function as a guiding map towards the understanding of the complex interactions that the three registers, the imaginary, the real, and the simbolic, have with each other.

Index terms: Phenomenology. Peirce, Charles Sanders. Lacan, Jacques. Semiotics."

AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS - introdução

ARTIGO: AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS
DE: Maria Lucia Santaella Braga, Dpto de Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
ED: Revista de Psicologia da USP, vol.10 n.2 São Paulo 1999

[introdução]
"Este artigo é uma extensão de um ensaio publicado mais de uma década atrás (Santaella, 1986) na revista
Cruzeiro Semiótico, a revista da Associação Portuguesa de Semiótica, editada por Norma Tasca. No artigo anterior, fiz uma comparação geral entre as três categorias fenomenológicas universais de C. S. Peirce, a primeiridade, secundidade e terceiridade, e as três categorias conceituais da realidade humana, de Jacques Lacan, os registros do imaginário, real e simbólico.

Essa comparação foi encorajada por dois fatores pelo menos. O primeiro devido ao fato de que as categorias de Peirce são universais. Elas aparecem em qualquer fenômeno de qualquer espécie, a presença delas é particularmente evidente em um fenômeno de natureza triádica como são os três registros lacanianos ou a tríade freudiana da dinâmica psíquica em inconsciente, subconsciente e consciente, mais tarde redefinida como id, superego e ego.

O objetivo do presente artigo é avançar alguns passos na comparação entre Peirce e Lacan. Tenho por propósito mostrar que a lógica da categoria peirciana da terceiridade, que é a lógica do signo, pode contribuir para o entendimento das complexas interações dos três registros lacanianos do imaginário, real e simbólico."

AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS - I as categorias universais de Peirce

ARTIGO: AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS
DE: Maria Lucia Santaella Braga, Dpto de Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
ED: Revista de Psicologia da USP, vol.10 n.2 São Paulo 1999

"
1. As categorias universais de Peirce

Peirce levou exatamente 30 anos, de 1967 a 1897, para completar sua teoria das categorias. Estas foram originalmente apresentadas no seu ensaio de 1867 "Sobre uma nova lista de categorias" (Pierce, 1931-1958, 1.545, também publicado em Pierce, 1981, vol. 2, pp. 49-59 e Peirce, 1992, pp. 2-10). Entretanto, foi apenas em 1897 que o sistema triádico de Peirce ficou "fundamentalmente completo," quando ele "acrescentou o possível como um modo de ser, e, ao fazê-lo, desistiu da sua teoria probabilística das freqüências inspirada em Mill," renunciando, ao mesmo tempo, a qualquer resquício de nominalismo que pudesse ainda porventura haver em seu pensamento. Foi só em 1902 que Peirce adotou suas categorias, então chamadas de categorias fenomenológicas, como base geral para toda a sua doutrina lógica.

Como afirmado em 1902 (L75: B8), há três perspectivas a partir das quais as categorias deveriam ser estudadas antes de serem claramente apreendidas: (1) qualidade, (2) objeto e (3) mente. Do ponto de vista ontológico da qualidade, o ponto de vista da primeiridade, as categorias aparecem como: (1.1) qualidade ou primeiridade, isto é, o ser de uma possibilidade qualitativa positiva, por exemplo, a mera possibilidade de uma qualidade nela mesma, tal como vermelhidão, sem relação com qualquer outra coisa, antes que qualquer coisa no mundo seja vermelha. (1.2) reação ou secundidade, quer dizer, a ação de um fato atual, qualquer evento no seu aqui e agora, no seu puro acontecer, no ato em si de acontecer, o fato em si mesmo sem que se considere qualquer causalidade ou lei que possa determiná-lo, por exemplo, uma pedra que rola de uma montanha. (1.3) Mediação ou terceiridade, o ser de uma lei que governará fatos no futuro (Pierce, 1931-1958, 1.23), qualquer princípio regulador geral que governa a ocorrência de um fato real, como por exemplo, a lei de gravidade que rege o rolar da pedra da montanha.

Do ponto de vista do objeto ou secundidade, isto é, do ponto de vista do existente, as categorias são: (2.1) qualia, quer dizer, fatos de primeiridade, por exemplo, a qualidade sui generis do vermelho no céu em um certo entardecer de um outono qualquer nos pampas gaúchos. (2.2) relações, isto é, fatos de secundidade, tal como a percussão resultante da batida da pedra no chão, quando o esforço da pedra contra a resistência do solo resulta em polaridade bruta. (2.3) representação, isto é, signos ou fatos de terceiridade: a palavra "céu," uma foto ou uma pintura do céu como signos do céu.

Do ponto de vista da mente ou terceiridade, as categorias são: (3.1) sentimento ou consciência imediata, quer dizer, signos de primeiridade, por exemplo, a qualidade de sentimento vaga e indefinida que a vermelhidão do céu em um crepúsculo no outono produz em um certo observador. (3.2) sensação ou fato, quer dizer, sentido de ação e reação ou signos de secundidade, por exemplo, ser surpreendido diante de um fato inesperado. (3.3) concepção ou mente nela mesma, sentido de aprendizagem, mediação ou signos de terceiridade, por exemplo, este parágrafo que acabo de escrever e que você está lendo agora (Houser et al., 1992, p. xxvii; Peirce L75: B8; cf. Santaella, 1992, p. 75).

O tópico mais importante relativo às categorias peircianas, entretanto, está no fato de que elas são universais. Os conceitos categoriais são, portanto, extremamente gerais e abstratos. Peirce (1931-1958) afirmou que suas categorias meramente sugerem um modo de pensar: "Talvez não seja correto chamar as categorias concepções. Elas são tão intangíveis que não passam de tons ou nuanças das concepções" (1.353).

Assim, as categorias universais não substituem nem excluem a variedade infinita de outras categorias mais específicas e materiais que podem ser encontradas em todos os fenômenos. Elas são apenas noções gerais indicando o perfil lógico dentro do qual algumas classes de idéias se incluem. Desse modo, as categoria da primeiridade inclui as idéias de acaso, originalidade, espontaneidade, possibilidade, incerteza, imediaticidade, presentidade, qualidade e sentimento. Na secundidade, encontramos idéias relacionadas com polaridade, tais como força bruta, ação e reação, esforço e resistência, dependência, conflito, surpresa. Terceiridade está ligada às idéias de generalidade, continuidade, lei, crescimento, evolução, representação e mediação.

Disso se pode concluir que as categorias também estão logicamente subjacentes aos três registros psicanalíticos. Dada a generalidade lógica dessas categorias, entretanto, elas não são capazes de especificar o conteúdo desses registros, pois essa especificação só pode vir do campo da psicanálise. Conseqüentemente, a fenomenologia e a semiótica só podem fornecer o substrato lógico, sem poder indicar quais são as características específicas que a primeiridade, secundidade e terceiridade adquirem na psicanálise. A natureza dos três registros será apresentada brevemente abaixo, seguida do exame de suas correspondências com as três categorias."

AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS - II os três registros psicanalíticos

ARTIGO: AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS
DE: Maria Lucia Santaella Braga, Dpto de Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
ED: Revista de Psicologia da USP, vol.10 n.2 São Paulo 1999

"2. Os três registros psicanalíticos

2.1 O Imaginário

O imaginário é basicamente o registro psíquico correspondente ao ego (ao eu) do sujeito, cujo investimento libidinal foi denominado por Freud de Narcisismo.

O eu é como Narciso: ama a si mesmo, ama a imagem de si mesmo ... que ele vê no outro. Essa imagem que ele projetou no outro e no mundo é a fonte do amor, da paixão, do desejo de reconhecimento, mas também da agressividade e da competição. (Quinet, 1995, p. 7)

Na sua "Introdução ao narcisismo," Freud (1914/1968a) já havia percebido que não existe, no início, uma unidade compatível ao eu do indivíduo, devendo esse eu ser construído. No seu texto sobre o estágio do espelho, Lacan veio dar conta exatamente dessa constituição da função do eu que Freud mencionara sem desenvolver. É bastante conhecido o fato de que, para descrever a fase do espelho, Lacan se utilizou do esquema ótico, ou melhor, de um certo uso do esquema ótico, que fosse capaz de introduzir, além da constituição do eu, também a função do sujeito na relação especular.

O estágio do espelho se refere ao período em que o bebê, na idade entre seis e dezoito meses mostra grande interesse em sua própria imagem no espelho. Lacan explicou esse interesse singular tomando como referência a idéia de Bolk de que o

lactente humano é, de fato, desde a origem, em seu nascimento, um prematuro, fisiologicamente falando. Por isso está numa situação constitutiva de desamparo; experimenta uma discordância intra-orgânica. Portanto, segundo Lacan, se a criança exulta quando se reconhece em sua forma especular, é porque a completeza da forma se antecipa com relação ao que logrou atingir; a imagem é, sem dúvida, a sua, mas ao mesmo tempo é a de um outro, pois está em déficit com relação a ela. Devido a esse intervalo, a imagem de fato captura a criança e esta se identifica com ela. Isso levou Lacan à idéia de que a alienação imaginária, quer dizer, o fato de identificar-se com a imagem de um outro, é constitutiva do eu (moi) no homem, e que o desenvolvimento do ser humano está escondido por identificações ideais. É um desenvolvimento no qual o imaginário está inscrito, e não um puro e simples desenvolvimento fisiológico. (Miller, 1977, pp. 16-17 apud Santaella & Nöth, 1998, pp. 189-190)

A constituição do eu toma lugar durante o estágio do espelho e começa com o reconhecimento da identidade próprio do eu através da imagem especular em um jogo paradoxal, de oscilação entre o eu e o outro. Senhor e servo do imaginário, o ego se projeta nas imagens em que se espelha: imaginário da natureza, do corpo, da mente, das relações sociais. Buscando por si mesmo, o ego acredita se encontrar no espelho das criaturas para se perder naquilo que não é ele. Esta situação é fundamentalmente mítica. É uma metáfora da condição humana, uma vez que estamos sempre ansiando por uma completude que não pode jamais ser encontrada, infinitamente capturada em miragens que ensaiam sentidos onde o sentido está sempre em falta.

A correspondência do imaginário com a categoria da primeiridade não é difícil de ser percebida. Qualquer identificação é imaginária em todas as ocasiões. Identificar é obliterar a distinção entre o sujeito e o objeto da identificação. É dissolver as fronteiras que poderiam distinguir e separar o ego do outro. A identificação corresponde, portanto, a um estado monádico que almeja a totalidade, completude e auto-suficiência. O imaginário é uma mônada que se alimenta da miragem do outro, uma miragem na iminência da dissipação e da perda. Ser eu, sendo, ao mesmo tempo, o outro, é idílico mas também mortífero, pois um dos polos dessa pretensa unidade está sempre à beira do desaparecimento. Tal iminência de dissipação é uma das principais características da primeiridade.

2.2. O Real

O registro psíquico do real não deve ser confundido com a noção corrente de realidade. Para Lacan, o real é aquilo que sobra como resto do imaginário e que o simbólico é incapaz de capturar. O real é o impossível, aquilo que não pode ser simbolizado e que permanece impenetrável ao sujeito do desejo para quem a realidade tem uma natureza fantasmática. Diante do real, o imaginário tergiversa e o simbólico tropeça. Real é aquilo que falta na ordem simbólica, os restos que não podem ser eliminados em toda articulação do significante, aquilo que só pode ser aproximado, jamais capturado.

Lacan veio reconhecer que, para o ser falante, não há adequação na relação entre o objeto e sua imagem, entre as partes do corpo e a imagem que se tem dele. Como a nossa imaginação desordenada pode preencher sua função? Como o imaginário e o real podem ser articulados na economia psíquica do sujeito? Esta polaridade, esta fratura entre o imaginário e o real, entre o simbólico e o real corresponde exatamente à categoria da secundidade. O real é sempre bruto e abrupto. É causação não governada pela lei do conceito. O real resiste ao simbólico porque ele insiste, en souffrance, de tocaia para tomar de assalto o simbólico.

2.3 O simbólico

O registro do simbólico é o lugar do código fundamental da linguagem. Ele é lei, estrutura regulada sem a qual não haveria cultura. Lacan chama isso de grande Outro. O Outro, grafado em maiúscula, foi adotado para mostrar que a relação entre o sujeito e o grande Outro é diferente da relação com o outro recíproco e simétrico ao eu imaginário. Miller (1987) nos fornece uma apresentação bastante clara do simbólico, no que se segue.

O outro é o grande Outro da linguagem, que está sempre já aí. É o outro do discurso universal, de tudo o que foi dito, na medida em que é pensável. Diria também que é o Outro da biblioteca de Borges, da biblioteca total. É também o Outro da verdade, esse Outro que é um terceiro em relação a todo diálogo, porque no diálogo de um com outro sempre está o que funciona como referência tanto do acordo quanto do desacordo, o Outro do pacto quanto o Outro da controvérsia. Todo mundo sabe que se deve estar de acordo para poder realizar uma controvérsia, e isso é o que faz com que os diálogos sejam tão difíceis. Deve-se estar de acordo em alguns pontos fundamentais para poder-se escutar mutuamente. ... É o Outro da palavra que é o alocutário fundamental, a direção do discurso mais além daquele a quem se dirige. A quem falo agora? Falo aos que estão aqui e falo também à coerência que tento manter. (p. 22)

A correspondência do registro simbólico com a terceiridade é óbvia. O grande Outro em todos os seus sentidos é sempre terceiridade. É lei, mediação, estrutura regulada que prescreve o sujeito.

A análise fenomenológica dos registros psicanalíticos exemplifica uma característica importante das categorias universais de Peirce. Embora essas categorias sejam onipresentes, não podendo ser claramente separadas em qualquer fenômeno dado, há sempre uma predominância de uma sobre as outras. Assim, primeiridade, secundidade e terceiridade podem ser proeminentemente percebidas no imaginário, real e simbólico respectivamente."

AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS - III a onipresença das categorias

ARTIGO: AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS
DE: Maria Lucia Santaella Braga, Dpto de Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
ED: Revista de Psicologia da USP, vol.10 n.2 São Paulo 1999

"3. A onipresença das categorias

Uma extensão importante que pode ser derivada da correspondência das categorias fenomenológicas com os três registros baseia-se no princípio da recursividade. Se as categorias são onipresentes, o real e o simbólico devem também aparecer no registro do imaginário, o real e o imaginário devem estar presentes no registro do simbólico e o imaginário e simbólico também devem estar presentes no registro do real.

O imaginário é a categoria psicanalítica da demanda de amor, o real é a categoria da pulsão e o simbólico, do desejo. A análise da demanda de amor, de fato, revela que ela depende da linguagem, não há demanda sem linguagem, pois a demanda humana se expressa através de signos ou através daquilo que Lacan chamou de cadeia de significantes. Alienada na linguagem a demanda humana é capturada no deslocamento infinito da cadeia metonímica do desejo, na cadeia de significantes do simbólico. Ao mesmo tempo, a demanda de amor é acossada pelas vicissitudes obscuras da pulsão sexual. Apesar da predominância da demanda de amor (primeiridade) que o caracteriza, o imaginário também apresenta sua face simbólica (terceiridade) e sua face real (secundidade).

Relações triádicas homólogas também aparecem no registro do real que está sob a dominância da pulsão. Esta indica a grande distinção que separa a sexualidade animal da humana. Pulsão é uma necessidade que não pode jamais ser inteiramente satisfeita. Devido à mediação do simbólico, a mera necessidade não pode existir para o humano. O que existe em seu lugar é o curso circular sem fim da pulsão. O papel do imaginário na pulsão também se torna aparente na fantasia que acompanha a busca humana pela satisfação.

O registro do simbólico, sob o governo do desejo, não é menos triádico do que os outros três registros. Sem o estofo do imaginário, o simbólico não seria nada mais do que uma cadeia vazia, um infinito deslocamento de significantes. Sem o real do corpo, por outro lado, ele não seria nada mais do que uma maquinaria combinatória, maquinaria desencarnada feita de padrões e regras."

AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS - IV da fenomenologia à semiótica

ARTIGO: AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS
DE: Maria Lucia Santaella Braga, Dpto de Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
ED: Revista de Psicologia da USP, vol.10 n.2 São Paulo 1999

"4. Da fenomenologia à semiótica

Outro domínio para a comparação entre Lacan e Peirce diz respeito à visão peirciana da relação entre fenomenologia e semiótica. Para Peirce, fenomenologia ou faneroscopia é uma quase-ciência. É apenas a porta de entrada para sua arquitetura filosófica. Embora as categorias sejam um ponto de partida importante para a análise de um dado fenômeno, as ferramentas analíticas não vêm delas, mas sim dos conceitos semióticos.

Isso não quer dizer que a fenomenologia e a semiótica estejam separadas. Ao contrário, elas estão indissoluvelmente atadas. Mesmo assim, suas diferenças não podem ser negligenciadas. A fenomenologia descreve o fenômeno como ele aparece. O resultado dessa descrição são as categorias universais. Ora, a terceira categoria corresponde à noção de signo. Ela é o signo. Assim, a semiótica nasce no coração da fenomenologia. A diferença está no fato de que os conceitos semióticos resultam da análise lógica e, consequentemente, constituem-se em conjuntos altamente interconectados de idéias distintivas que podem funcionar como dispositivos poderosos para o estudo de qualquer fenômeno como signo.

Disto decorre minha hipótese de que a definição do signo pode fornecer recursos adicionais para a análise dos três registros psicanalíticos. Para Peirce, o signo é uma relação indissociável de (1) um fundamento, aquilo que permite ao signo funcionar como tal, (2) um objeto, aquilo que determina o signo e que é, ao mesmo tempo, representado pelo signo e (3) um interpretante, o efeito que o signo está apto a produzir em uma mente interpretadora qualquer. Esse efeito pode ser da ordem de um pensamento, de uma mera reação, sensação ou de uma simples qualidade de sentimento.

De acordo com essa lógica triádica do signo, o imaginário, isto é, a categoria da demanda de amor, ocupa a posição lógica do fundamento do signo. O real, a categoria da pulsão sexual, ocupa a posição lógica do objeto do signo, enquanto o simbólico, a categoria do desejo, ocupa a posição lógica do interpretante. Esta análise pode ser ainda mais detalhada quando os três tipos de fundamento, os dois tipos de objeto, o objeto imediato e o dinâmico, e os três tipos de interpretante, o imediato, o dinâmico e o final, são levados em consideração para uma melhor compreensão do imaginário, real e simbólico. Entretanto, essas relações exigem pesquisas que devem ficar para o futuro."

AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS - referências bibliográficas

ARTIGO: AS TRÊS CATEGORIAS PEIRCIANAS E OS TRÊS REGISTROS LACANIANOS
DE: Maria Lucia Santaella Braga, Dpto de Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
ED: Revista de Psicologia da USP, vol.10 n.2 São Paulo 1999


"Referências Bibliográficas

Balat, M. (1986). La triade en psychanalyse: Peirce, Freud et Lacan. Doctoral Dissertation, University of Perpignan, France.

Freud, S. (1968a). Introduccion al narcisismo. In Obras completas (pp. 1083-1096, Vol. 1). Madrid, España: Biblioteca Nueva. (Originalmente publicado em 1914)

Freud, S. (1968b). Obras completas. Madrid, España: Biblioteca Nueva.

Houser, N. et al. (Eds.). (1992). The essential Peirce. Bloomington: Indiana University Press.

Lacan, J. (1971). El estadio del espejo como formador de la función del yo tal como se nos revela en la experiencia psicoanalítica. In Lectura estructuralista de Freud (T. Segovia, trad.). México: Siglo Veinteuno.

Miller, J.-A. (1977). Recorrido de Lacan. Argentina. (Editado pelo Tercer Encuentro del Campo Freudiano)

Miller, J.-A. (1987). Percurso de Lacan: Uma introdução (A. Roitman, trad.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Peirce, C. S. (1931-1958). Collected papers (C. Hartshorne, P. Weiss & A. W. Burks, eds.). Cambridge, MA: Harvard University Press.

Peirce, C. S. (1976). The new elements of mathematics (NEM) (C. Eisele, ed.). Bloomington: Indiana University Press.

Peirce, C. S. (1981). Writings of Charles S. Peirce. A chronological edition (M. Fisch et al., eds.). Bloomington: Indiana University Press.

Peirce, C. S. (1992). The essential Peirce (N. Hauser & C. Kloesel, eds., Vol. 1). Bloomington: Indiana University Press.

Peirce, C. S. (s.d.). Peirce´s unpublished manuscripts and letters as paginated by the Institute for Studies in Pragmaticism. Lubbock, TX.

Santaella, L. (1986). As três categorias peircianas e os três registros lacanianos. Cruzeiro Semiótico, Porto, 4, 25-30.

Santaella, L. (1992). A assinatura das coisas. Peirce e a literatura. Rio de Janeiro: Imago."

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A MULHER NUA - I capa e contracapa

Livro: A MULHER NUA, UM ESTUDO DO CORPO FEMININO (2004)
De: Desmond Morris
Ed: Globo, São Paulo (2005, 247 pág.)
Título original: The naked woman
Tradução do inglês: Eliana Rocha

CONTRACAPA
Há 5 mil anos, senhoras da elite do antigo Egito faziam questão de raspar a cabeça para ostentar perucas com cabelos femininos de povos subjugados. Na região hoje conhecida como Alemanha, durante as tempestades, mulheres exibiam as nádegas nuas à porta da casa para afastar desgraças: exclusivos da raça (espécie?) humana, os hemisférios glúteos seriam uma visão capaz de repelir os demônios, desprovidos desse detalhe anatômico. Já na Inglaterra vitoriana, a barriga tinha conotação sexual tão forte que seu nome nem sequer podia ser pronunciado, daí a criação do eufemismo "dor de estômago".
O escritor e zoólogo inglês Desmond Morris – autor do best-seller mundial O macaco nu – reúne essas e muitas outras observações curiosas em A mulher nua. Neste revelador estudo sobre o corpo feminino, o autor descreve, dos cabelos aos pés, cada parte da anatomia, suas funções e sua evolução, explicando como certas características foram valorizadas ou desprezadas, conforme os costumes de cada época. Trafegando na fronteira da zoologia com a história e a sociologia, Morris desnuda, enfim, os processos que levaram a mulher a se transformar naquilo que ele define como "o mais extraordinário organismo existente no Planeta".

A MULHER NUA - II orelhas

Livro: A MULHER NUA, UM ESTUDO DO CORPO FEMININO (2004)
De: Desmond Morris
Ed: Globo, São Paulo (2005, 247 pág.)
Título original: The naked woman
Tradução do inglês: Eliana Rocha

ORELHAS
"Toda mulher tem um corpo belo. Brilhante fruto de milhões de anos de evolução, de surpreendentes ajustes e refinamentos sutis, ele é o organismo mais extraordinário existente sobre o Planeta."
Em diferentes épocas e lugares, as sociedades humanas tentaram melhorar a natureza, modificando e embelezando o corpo feminino de muitas maneiras. Neste novo estudo, Desmond Morris dirige seu talento e sua atenção para a forma feminina e conduz o leitor numa excursão da "cabeça aos pés". Esclarecendo as funções evolutivas das características biológicas da mulher, Morris explora os avanços e limitações criados pelas sociedades humanas, no intuito de atingir o controle e a perfeição do corpo feminino.
Escrito a partir da perspectiva de um zoólogo e apoiado na inigualável experiência de Desmond Morris como observador do animal humano, A mulher nua apresenta fatos científicos, histórias interessantes e conclusões instigantes que provocam reflexão.

A MULHER NUA - III Desmond Morris

Livro: A MULHER NUA, UM ESTUDO DO CORPO FEMININO (2004)
Ed: Globo, São Paulo (2005, 247 pág.)
Título original: The naked woman
Tradução do inglês: Eliana Rocha
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SOBRE O AUTOR
Desmond Morris nasceu em Wiltshire, Inglaterra, em 1928. Depois de se formar em zoologia, na Birmingham University, obteve o título de doutor em filosofia, na Oxford University. Em 1959, tornou-se curador do setor de mamíferos do zoológico de Londres, um cargo que ocupou por oito anos. Já tinha escrito cerca de cinquenta artigos científicos e sete livros quando, em 1967, lançou O macaco nu, que vendeu mais de dez milhões de exemplares em todo o mundo e foi traduzido para quase todas as línguas conhecidas. Desmond Morris criou e apresentou muitos programas e filmes para a televisão sobre comportamento humano e animal. Sua maneira simpática e acessível de se comunicar tornou-o popular entre adultos e crianças, e hoje ele é um dos mais famosos apresentadores de programas de história natural (em qual país?). É também um pintor bem-sucedido.
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A MULHER NUA - IV índice

Livro: A MULHER NUA, UM ESTUDO DO CORPO FEMININO (2004)
De: Desmond Morris
Ed: Globo, São Paulo (2005, 247 pág.)
Título original: The naked woman
Tradução do inglês: Eliana Rocha
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ÍNDICE
Agradecimentos
Introdução
1. A evolução
2. Cabelos
3. Testa
4. Orelhas
5. Olhos
6. Nariz
7. Bochechas
8. Lábios
9. Boca
10. Pescoço
11. Ombros
12. Braços
13. Mãos
14. Seios
15. Cintura
16. Quadris
17. Barriga
18. Costas
19. Pêlos púbicos
20. Genitais
21. Nádegas
22. Pernas
23. Pés
Referências bibliográficas
Créditos das fotos

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

UM BEIJO, por Gustav Klimt

O BEIJO (1907/8), celebrado quadro do artista plástico austríaco e simbolista Gustav Klimt (1862-1918).
*
* Imagem encontrada no site do professor Grant Kester de história da arte... UC San Diego
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sábado, 1 de agosto de 2009

LES ESCARGOTS - Shirlei e Flecha em... "Posso Estar Enganado"

(para exibir em tamanho máximo, clique duas vezes sobre a imagem)
*
Fonte: VERISSIMO, Luis Fernando (1997:153). AS COBRAS EM: SE DEUS EXISTE, QUE EU SEJA ATINGIDO POR UM RAIO. Porto Alegre: LPM, 164p.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

MÚSICA Trilha Sonora ÁLBUM Round Midnight, 1986

1986
Com Dexter Gordon, Herbie Hancock, Chet Baker etc.
* IMAGEM encontrada em... http://100discosessenciais.blogspot.com/2009/04/100-discos-essenciais-61-70.html

MÚSICA ÁLBUM Woody Shaw with the Tone Sansa Quartet, 1985

1985/2000
* IMAGEM encontrada em... http://www.amazon.com/Woody-Shaw-Tone-Jansa-Quartet/dp/B00002DGBQ

MÚSICA Stanley Jordan ÁLBUM Magic Touch, 1985

1985
* IMAGEM encontrada em... http://www.perrific.com/cds/j.html

MÚSICA The Doors ÁLBUM The Best Of, 1985

1985
* IMAGEM encontrada em... http://yellowhand.vox.com/library/audio/6a00cdf7eeb199094f00d10a7893ed8bfa.html

MÚSICA Marina Lima ÁLBUM Fullgás, 1984

1984
* IMAGEM encontrada em... http://marinalimadiscografia.blogspot.com/2008/08/fullgs-1984.html

MÚSICA Banda Blitz ÁLBUM As Aventuras da Blitz, 1982

1982
* IMAGEM encontrada em... http://bemaosouvidos.blogspot.com/2009/11/as-aventuras-da-blitz-1982-blitz.html

MÚSICA Banda Vexame ÁLBUM, 1982

1982
* IMAGEM encontrada em... http://elomusical.blogspot.com/2009/10/banda-vexame.html

MÚSICA Língua de Trapo ÁLBUM, 1982

1982
* IMAGEM encontrada em... http://www.sertaorock.com.br/site/artigo.php?col=142

terça-feira, 30 de junho de 2009

JACQUES LACAN, UMA BIOGRAFIA INTELECTUAL - I capa e contracapa

LIVRO: "JACQUES LACAN, UMA BIOGRAFIA INTELECTUAL" (1993)
ED: Iluminuras (Sp, 2001)
*
CONTRACAPA
Como fazer para encontrar Jacques Lacan por trás de tantas máscaras com as quais seu rosto se confunde?
O espelho, tema lacaniano fundamental, norteia cada interpretação que se queira dar de sua personalidade. Criando imagens múltiplas, não raro ambíguas, revela sempre alguma perspectiva bem mais interessante que qualquer fato que tenha sido a verdade de sua pessoa.
É desse Lacan camaleônico que fala este livro, da personagem revolucionária que corroeu os alicerces de muitos dos edifícios do saber, estremecendo as estruturas das instituições psicanalíticas.
Quem se aproximar dele querendo saber, seja leigo ou estudante, terá a oportunidade de conhecer as suas idéias e seu peculiar estilo. Para os leitores já iniciados em seu pensamento, será de grande utilidade a organização cronológica - completa - das suas obras, pela primeira vez em português.

JACQUES LACAN, UMA BIOGRAFIA INTELECTUAL - II índice e contracapa

LIVRO: "JACQUES LACAN, UMA BIOGRAFIA INTELECTUAL" (1993)
DE: Oscar Cesarotto e Márcio Peter de Souza Leite
ED: Iluminuras (Sp, 2001)
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ÍNDICE
Apresentação
Cronologia
Lacan biografado
O RETORNO A FREUD
Antes de Lacan
A geografia & o destino
O inconsciente ao Sul do Equador
A peste pasteurizada
Ortodoxia versus coisa freudiana
Roma 53: Lacan freudiano
ATRAVÉS DO ESPELHO
Lacan surrealista
Lacan criminalista
Vítima, não mártir
Lacan psicanalista
Lacan lacaniano
Lacan kleiniano
Lacan filósofo
Lacan mestre
Um por um: a política do grão de areia
Lacan super-herói
Mais, ainda
A OBRA DE LACAN
Introdução às introduções
O discurso lacaniano
Lista cronológica das obras de Jacques Lacan

JACQUES LACAN, UMA BIOGRAFIA INTELECTUAL - III autores

LIVRO: "JACQUES LACAN, UMA BIOGRAFIA INTELECTUAL" (1993)
DE: Oscar Cesarotto e Márcio Peter de Souza Leite
ED: Iluminuras (Sp, 2001)
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AUTORES: OSCAR CESAROTTO
Psicanalista, doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Co-autor de Jacques Lacan através do espelho (Brasiliense, 1985) com Márcio Peter de Souza Leite. Autor de Um affair freudiano (1989), No olho do Outro (1996), Contra natura - ensaios de psicanálise e antropologia surreal (1999), e organizador de Idéias de Lacan (1995), todos estes livros editados pela Iluminuras.
*
AUTORES: MÁRCIO PETER DE SOUZA LEITE
Médico psiquiatra e psicanalista, membro da Associação Mundial de Psicanálise, diretor-geral da Escola Brasileira de Psicanálise (SP), professor no Instituto de Pesquisas em Psicanálise de São Paulo. Co-autor de O Que é Psicanálise - segunda visão (Brasiliense, 1984) com Oscar Cesarotto. Autor de O Deus odioso, o diabo amoroso (Escuta, 1991), A negação da falta (Relume Dumará, 1992) e Psicanálise lacaniana - cinco seminários para analistas kleinianos (Iluminuras, 2000).

JACQUES LACAN, UMA BIOGRAFIA INTELECTUAL - IV orelhas e marcador

LIVRO: "JACQUES LACAN, UMA BIOGRAFIA INTELECTUAL" (1993)
DE: Oscar Cesarotto e Márcio Peter de Souza Leite
ED: Iluminuras (Sp, 2001)
*
ORELHAS
Mais uma vez comparecem ao cenário editorial textos de Márcio Peter de Souza Leite e Oscar Cesarotto. Autores, ambos, de vários livros, recriam neste trabalho idéias longamente elaboradas, e hoje mais amadurecidas.
Seria possível afirmar que a história da psicanálise lacaniana em São Paulo tem como uma de suas bases a produção, ora individual, ora comum, destes dois fecundos articuladores do saber do inconsciente, por meio de seus artigos em jornais e revistas, seus livros, palestras, cursos, grupos de estudo, alimentados pela prática constante da escuta atenta que sedimenta sua fundamentação teórica.
Agora é a vez desta biografia pouco convencional, mas bem informada, que não comete o excesso de ser apologética. Muito pelo contrário, o psicanalista francês Jacques Lacan emerge das páginas da presente obra em suas múltiplas facetas de psiquiatra, criminalista, surrealista, mártir, filósofo, mestre e até mesmo super-herói.
Através de todos os reflexos em cada um dos diferentes espelhos, vai se impondo aos poucos a forte predominância de um analista que produziu teorias novas, originais e refinadas, sem se enclausurar na ortodoxia nem no dogmatismo.
Apesar do tão comentado hermetismo das ecolubrações lacanianas, ao traçar de maneira atraente a sua personagem, esta 'biografia intelectual' seduz os leitores para o contato intransferível com as construções do próprio Lacan, num convite instigante à inteligência dos interessados.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

FELIZ DIA DOS NAMORADOS, com Romain Rolland (1866-1944)

"Doçura de havermos encontrado uma alma, onde aninhar-nos, em meio da tormenta; um abrigo terno e seguro, onde por fim respiramos, à espera de que se acalmem as pulsações de um coração ofegante! Não estarmos mais sós, não necessitarmos permenacer sempre armados, os olhos sempre abertos e queimados pelas vigílias, até que a fadiga nos entregue ao inimigo! Termos o(a) companheiro(a) querido(a), em cujas mãos pusemos todo o ser - e que pôs em nossas mãos todo o seu ser! Bebermos, enfim, o repouso, dormirmos enquanto ele(a) vela, velarmos enquanto ele(a) dorme! Conhecermos a alegria de proteger aquele(a) a quem queremos, e que se confia a nós, como uma criancinha. Conhecermos a alegria imensa de nos entregarmos a ele(a), de sentirmos que ele(a) possui os nossos segredos e que dispõe de nós. Envelhecidos, gastos, cansados de carregarmos durante tantos anos a vida, renascermos, moços e vigorosos, (...) saborearmos com os olhos o mundo renovado, apreendermos com os sentidos as belas coisas passageiras, gosarmos com o coração o enplendor de viver... Mesmo sofrermos com ele... Ah! O próprio sofrimento é alegria, contanto que estejamos acompanhados!"
*
Colaboração: ALEXANDRE
Fonte: ROLLAND, Romain (1941,1961:3). JEAN-CHRISTOPHE. Vol. IV. Editora Globo: SP

Imagem encontrada em www.nobelpreis.org

domingo, 24 de maio de 2009

NARCISO ACHA FEIO O QUE NÃO É ESPELHO

Música: SAMPA
Composição: CAETANO VELOSO
CD: Muito (Dentro da estrela azulada)
Gravadora: Polygram, 1978

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e Av. São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mas possível novo quilombo de Zumbi
E os Novos Baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa

Imagem: Encontrada no... Blog Loronix.